quinta-feira, 12 de novembro de 2015

História de Israel - O Segundo Templo



O Segundo Templo

O grande e poderoso Império Babilónico conheceu um fim abrupto no século VI A.E.C. (antes da Era Cristã). De má memória na História Judaica, por ter destruído o Primeiro Templo e exilado os judeus da sua terra natal, o Reino da Babilónia foi usurpado por Ciro, o Grande, da Pérsia.


Ciro o Grande, da Pérsia (República Islâmica do Irão desde 1979)


Em 539 A.E.C., Ciro convidou os judeus a retornarem do seu exílio, de volta à sua terra natal, e encorajou-os mesmo a reconstruirem o Templo. Os historiadores geralmente concordam que os motivos de Ciro não eram altruístas; ele desejava a renda que lhe adviria de uma Jerusalém reconstruída  e de um novo Templo. No entanto, os judeus receberam a sua proclamação com alegria e retornaram em massa, sob a liderança de Zorobabel e dos profetas Esdras e Neemias.Zorobabel, descendente de um dos últimos Reis de Judá, foi nomeado Governador dos Judeus em Israel. 

Os Persas proibiram a reinstituição da monarquia; no entanto, os governantes permitiram aos judeus uma autonomia significativa. A descrição do regresso dos judeus e da subsequente reconstrução do Templo é descrita em detalhe nos Livros de Esdras, Neemias, e Ageu. (Livros da Bíblia, para quem não saiba).


Maqueta da cidade e do Segundo Templo, em Jerusalém.


A construção do Templo começou em 535 A.E.C., e continuou por cerca de vinte anos. Após a morte de Ciro, os judeus foram forçados a fazer um hiato na construção, por ordem do seu sucessor, mas o imperador seguinte, Dário, permitiu que a construção continuasse.




O Império Persa foi dos maiores e mais poderosos do Mundo Antigo

O Templo foi dedicado no ano 515 A.E.C., e durou até 70 E.C., ainda que lhe faltassem componentes cruciais que tinham sido saqueados pelos Babilónios. Os Imperadores persas devolveram muitos dos belos vasos de ouro, mas os itens mais significativos, como a Arca da Aliança e as tábuas dos Dez Mandamentos não foram devolvidos. Após a sua dedicação, a adoração no Templo continuou como durante a era Salomónica, com a reinstituição de sacrifícios de animais, e as peregrinações durante as festas.


Modelo da Arca da Aliança


O fervor religioso atingiu o auge durante o período do Segundo Templo. Ezra, temendo que a identidade judaica se perdesse, proibiu o casamento entre judeus e não-judeus. Também estabeleceu a Grande Assembleia, cujos membros instituíram o Shemonah Esre (a mais importante das orações diárias), estabeleceu o feriado de Purim, e canonizou os 24 livros da Bíblia judaica


Shemonah Esre, hoje.


O Messianismo, que começou a despontar após a destruição do Primeiro Templo, ganhou força. Uma obra apócrifa escrita durante este tempo (o Livro de Enoque) fala sobre um homem, um descendente de David, que traria a paz no "Fim dos Dias."

O zelo messiânico judaico nessa época atingiu um crescendo durante as revoltas dos Judeus contra os Romanos no final do Período do Segundo Templo, especificamente na pessoa de Bar Kokhba, que o Rabino Akiva afirmou ser o Messias. Quando Bar Kokhba  foi morto e a rebelião final esmagada, em 135 E.C. (depois da destruição do Templo), esmoreceu o entusiasmo messiânico do povo judeu.

O Império Persa caiu nas mãos de Alexandre, o Grande, em 330 E.C., aproximadamente. Os Gregos tentaram erradicar a religião e a cultura  judaica, e o seu programa para o povo judeu era de que este tomasse os valores e modo de vida gregos. Os Gregos proibiram o estudo da Torá e não permitiram que os Judeus praticassem a Halakhah (Lei Judaica).


Início do século XX - Mulheres orando no Muro das Lamentações, o que restou da destruição do Segundo Templo. A presença dos judeus - o povo nativo de Israel - na sua Terra, tem sido ininterrupta desde o início dos tempos.


Os Gregos entraram no Templo Sagrado e profanaram-no, mas os Judeus, liderados pelos Macabeus, revoltaram-se e recuperaram o controle do seu Templo e sua autonomia. O Império Grego,  desintegrou-se com a conquista Romana. 

Em 37 A.E.C., Herodes, o Grande, o governador Romano, remodelou o Templo para o tornar ainda mais esplêndido. Embora alguns se refiram a este edifício reconstruído como "Templo de Herodes", na tradição judaica considera-se o mesmo templo, porque a adoração continuou inabalável durante a reconstrução.

Os Romanos não concederam qualquer autonomia ao povo judeu, o que levou a uma série de revoltas judaicas, que culminaram na destruição do Templo em 70 E.C..

Embora as revoltas tivessem continuado após a destruição, no ano 135 E.C., após a derrota de Bar Kokhba, Jerusalém foi arrasada, os judeus exilados, e a Terra Santa renomeada Aelia Capitolina.

A violenta acção dos Romanos, no entanto, não extinguiu a presença judaica em Israel. No norte do país, especificamente em Tibérias, mantiveram-se centros de aprendizado judaico e estudo da Torá, até que, ao longo do tempo, os exilados voltaram, as sinagogas foram reconstruídas, e a vida judaica floresceu mais uma vez na Terra Santa.




Israel é a Pátria Eterna do Povo Judeu


quarta-feira, 11 de novembro de 2015

História de Israel - A Revolta de Bar Kokhba

A Revolta de Bar Kokhba
Simon Bar Kokhba é o nome de um chefe revolucionário judeu que combateu os invasores Romanos. O apelido "Bar Kokhba" significa "filho de uma estrela", e refere-se à passagem bíblica de Números 24, que diz que uma "estrela cadente surgirá de Jacob."
O Rabino Akiva, um contemporâneo de Bar Kokhba, deu-lhe este nome, que tem conotações messiânicas. Com efeito, após a destruição do Templo, a remoção de autonomia judaica e o exílio dos judeus de Jerusalém, a esperança na Rebelião de Bar Kokhba, no seu breve breve sucesso e na sua liderança, levou muitos a acreditarem que a Era Messiânica tinha começado.
Os cristãos, que acreditavam que Jesus  de Nazaré era o Messias, rejeitaram Bar Kokhba. Este facto provocou novos cismas entre judeus e cristãos primitivos, ajudando moldar uma identidade cristã até hoje separada do Judaísmo.


A montanha-fortaleza de Heródio foi uma das bases dos revoltosos

Vale a pena visitar esta página para admirar alguns vestígios arqueológicos deste período da História de Israel.

Após a devastação e destruição do Segundo Templo, pelos Romanos, em 70 E.C., e o esmagamento das revoltas judaicas anteriores, a vida judaica em Israel foi dizimada e a soberania judaica esmagada.

A destruição de Jerusalém pelos Romanos persiste na memória colectiva
O Imperador Adriano (76 - 138 E.C.) visitou Jerusalém, e comprometeu-se a reconstruir a cidade e o Templo. No entanto, a sua motivação era fazer uma nova cidade romana e um templo dedicado aos deuses pagãos. Quando os Romanos começaram a lançar as fundações do templo, as tensões cresceram, e quando os ocupantes Romanos proibiram as práticas religiosas fundamentais para a fé judaica, como a circuncisão (que os Helenistas viam como mutilação), os judeus rebelaram-se, e deu-se a terceira rebelião (ou Guerra Judaico-Romana) desde a destruição do Templo. Durou de 132 a 135 E.C., e foi a última.

Pormenor do monumento Romano que celebra a queda de Jerusalém e o saque do Templo (veja-se a Menorá, levada pelos invasores)

A revolução, inspirada em parte pela dinastia dos Hasmoneus, foi inicialmente bem sucedida. Praticando uma guerra de guerrilha, as forças judaicas recapturaram muitas cidades e vilas, incluindo Jerusalém. Os romanos foram apanhados de surpresa, e as tentativas de reprimir a rebelião falharam. Moedas foram cunhadas com a frase "A Liberdade de Israel."


 Moeda judaica da época de Bar Kokhba
Os sacrifícios rituais de animais foram retomados, embora não no Templo; o Rabino Akiva liderou o Sinédrio (Supremo Tribunal judeu), e Bar Kokhba estabeleceu-se como Nasi (príncipe). No entanto, no ano 135 E.C., os Romanos conseguiram finalmente reprimir a rebelião, e fizeram-no de forma brutal. Cercaram as cidades até que as forças judaicas ficaram enfraquecidas pela falta de alimentos, e, em seguida, começaram o ataque final. Os judeus fugiram para o seu reduto, em Betar, mas foram atacados lá também, tendo o golpe final ocorrido em Tisha B'Av, o dia nacional de luto judaico. Centenas de milhar de judeus foram mortos, e Adriano tentou acabar com qualquer indicação de que uma presença judaica existira na Terra de Israel.
O Imperador Adriano
Académicos, incluindo o Rabino Akiva, foram perseguidos e mortos; textos foram queimados. Adriano ergueu estátuas no Templo, e substituiu o nome de "Judeia" nos mapas pelo nome "Síria-Palaestina", a partir do qual deriva o nome moderno "Palestina", que foi um dos nomes da Terra de Israel durante dois mil anos subsequentes.
O Imperador Romano também reinstituiu o nome "Aelia Capitolina" para designar Jerusalém, transformada em cidade romana. Os judeus foram proibidos de entrar na  sua cidade santa.

Simão  Bar Kokhba

Mais tarde, Constantino I permitiu que os judeus entrassem em Jerusalém uma vez por ano, em Tisha B'Av, a fim de chorarem. A revolta teve impacto significativo sobre o Judaísmo. O centro de aprendizado judaico mudou-se para a Diáspora. No entanto, a presença judaica permaneceu na Terra Santa. Os judeus, na sua maioria, migraram para o norte de Safed e para Tiberíades.
Safed ficou conhecida como um importante centro de estudo da Torá, especialmente do estudo da Cabala. Textos judaicos importantes foram concluídos em Israel, incluindo o Mishná e o Talmud Jerusalém. Na História de Israel moderna, a revolta de Bar Kokhba tornou-se um símbolo da resistência nacional. O grupo de jovens judeus "Betar" tomou o seu nome do último reduto de Bar Kokhba, e o primeiro Primeiro-Ministro de Israel, David Ben-Gurion, adoptou o nome de um dos generais de Bar Kokhba.

Bar Kokhba, os seus guerreiros, e os judeus em geral, foram supliciados pelos Romanos, como aconteceria também aos cristãos, em Roma e em todo o Império.

História de Israel - A Dinastia dos Hasmoneus‏


Os Macabeus (do Hebraico מכבים ou מקבים, makabim ou maqabim, significando "martelos", foram a famosa milícia judaica que expulsou os ocupantes Gregos. O seu membro mais conhecido foi Judas Macabeu, assim apelidado devido à sua força e determinação.

A Dinastia dos Hasmoneus‏
A Dinastia dos Hasmoneus começa com a famosa história de Hanukkah. Na sequência da conquista  da Terra de Israel por Alexandre, o Grande, que anexou a maior parte do Mundo Antigo, a Terra Santa ficou sob o controle dos governantes Gregos Selêucidas. Os Selêucidas proibiram o estudo da Torá e profanaram o Templo Sagrado, na tentativa de erradicar a religião e a cultura judaicas. Os gregos queriam que os judeus se vestissem, comessem e pensassem como eles.

No entanto, o povo judeu revoltou-se, em 166 A.E.C., sob a liderança do heróico Judas Macabeu da família dos Hasmoneus. Apesar de muito inferiores em número, em poderio militar e em organização, os judeus foram bem sucedidos na sua revolta e conseguiram repelir o domínio grego. Entraram no Templo para o purificar, mas só encontraram uma vasilha com azeite suficiente para acender a Menorah (candelabro) por uma noite. Diz a lenda que a menorá esteve acesa durante oito noites. O Festival de Hanukkah, ou Festival das Luzes, celebra esse milagre.
Após esse retorno triunfal a Jerusalém, começou o período do governo Hasmoneu. Seguiram-se mais vitórias dos judeus, que, combinadas com um enfraquecimento da autoridade Selêucida, garantiram a restauração da soberania judaica na Terra de Israel.

Os Hasmoneus governaram a Terra de Israel por quase um século. Acreditavam que  a sua Dinastia era a continuação da Era dos Shoftim (Juízes) e dos Reis, dos primórdios de Israel, e consolidaram o poder judicial, religioso, político e militar. Também expandiram as fronteiras físicas da Terra, restaurando quase todas as fronteiras da Era de Salomão. A vida judaica floresceu sob a liderança dos Hasmoneus.
Este aqueduto da Era da Dinastia dos Hasmoneus‏ esteve em uso até ao domínio Britânico da Terra Santa.

Essa época feliz da História de Israel viria a chegar ao fim, com a invasão do Império Romano e a submissão imposta  pelo imperador romano Herodes, o Grande, em 37 A.E.C..

O legado da poderosa dinastia dos Hasmoneus fez com que Herodes casasse com uma princesa Hasmoneana a fim de reforçar a sua legitimidade como governante.

E estamos quase na época de Hanukkah...
    

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

História de Israel - O Primeiro Exílio

Separados dos seus irmãos que não foram deportados, os judeus da Diáspora produziram neste período reflexões preciosas, narradas em diversas obras, nomeadamente na Bíblia. Foi uma dura prova, no entanto espiritualmente fértil.

O Primeiro Exílio
Apenas algumas gerações após o período de glória e prosperidade sob o rei Salomão, os israelitas conheceram a derrota às mãos dos Assírios, e, em seguida, após 200 anos, dos Babilónios. Dois países vizinhos e hostis, situados a Norte, onde hoje é a Síria e o Iraque, respectivamente.

O Templo (Beit HaMikdash, em Hebraico) foi destruído, os seus santos objectos saqueados, e os judeus exilados. Este foi o início da Diáspora judaica, uma época que viu as comunidades judaicas e estudo da Torá florescerem fora da Terra Santa.
No entanto, não importa o quão bem sucedidos espiritualmente os judeus se tornaram nas suas comunidades em solo estrangeira (principalmente na Babilónia), a sua conexão com a Terra de Israel nunca desapareceu. Um dos mais famosos salmos, o salmo 137, eloquentemente, descreve o povo judeu chorando junto aos rios da Babilónia, jurando que nunca iria esquecer a cidade santa de Jerusalém, tão crucial para a sua identidade como a própria mão direita:

1 Junto aos rios da Babilónia
nós nos sentamos e choramos
com saudade de Sião.
2 Ali, nos salgueiros,
penduramos as nossas harpas;
3 ali os nossos captores pediam-nos canções,
os nossos opressores exigiam
canções alegres, dizendo:
"Cantem para nós uma das canções de Sião!"
4 Como poderíamos cantar
as canções do Senhor
numa terra estrangeira?
5 Que a minha mão direita definhe,
ó Jerusalém, se eu me esquecer de ti! 
6 Que me grude a língua ao céu da boca,
se eu não me lembrar de ti
e não considerar Jerusalém
a minha maior alegria!


A cena celebrizada pelo Salmo 137

O exílio foi um evento traumático na História judaica. De uma só vez, o povo judeu perdeu a sua independência, o seu Templo, e a sua terra natal.
Depois de o Reino do Norte de ter sido exilado, cerca de 200 anos antes, o exílio do Reino de Judá foi um duro golpe na presença judaica completa em Israel.
Nabucodonosor, Rei de Babilónia, tinha permitido apenas que as pessoas mais pobres permanecessem em Jerusalém. O período do cativeiro babilónico na Terra Santa antes da destruição do Templo teve efeitos profundos na religião e cultura judaica.


Outra cena famosa do cativeiro na Babilónia: o profeta Daniel interpreta o sonho de  Nabucodonosor.
O actual alfabeto hebraico foi adoptado por aqueles que permaneceram em Israel, substituindo o alfabeto israelita tradicional. Foi o último período de intensa profecia divina, principalmente por meio do profeta Ezequiel. E foi nesse momento que a Torá começou a ser compilada pelos principais estudiosos da Grande Assembleia que permaneceram em Jerusalém.
A divisão em"tribos" perdeu-se, com excepção da tribo de Levi, que continuou a ter o seu papel único como servidores do Templo.
Esta foi também a primeira vez, desde o reinado do Rei Saúl, que o povo judeu se viu sem um líder.

Ruínas da Babilónia, descobertas por pesquisadores europeus no início do século XX.
Sábios e estudiosos começaram a emergir como líderes, com destaque para Ezra e Neemias, sábios exilados que viriam a liderar o regresso do povo judeu à sua terra natal, desde a Babilónia.

Neemias impulsionou a reedificação do Templo
Gedalias, o líder judeu nomeado por Nabucodonosor como governador dos restantes judeus indigentes de Jerusalém, começou a revitalizar a cidade e, com ela, as esperanças do povo. No entanto, Gedalias foi assassinado por um judeu que se ressentia da sua proximidade com a regência da Babilónia, e as restantes famílias judias, temendo represálias dos babilónios, fugiram para o Egipto.
Só pelo decreto do Rei Ciro da Pérsia (actual Irão), em 538 A.E.C., é que os judeus foram finalmente autorizados a regressar à sua Terra Santa.

 

O actual Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, tem lembrado esta antiga ligação entre as duas nações, e têm-se registado iniciativas israelitas de apreço pela Pérsia, nomeadamente a conhecida "ISRAEL AMA O IRÃO". Que foi teve resposta imediata através de "O IRÃO AMA ISRAEL":