Texto da Declaração de Balfour (ver tradução no final do post).
A Declaração de Balfour representa a primeira vez que uma potência mundial - a Grã-Bretanha - reconheceu a necessidade de uma pátria judaica e apoiou abertamente e legitimou os esforços sionistas, numa declaração oficial.
As raízes da Declaração de Balfour, dizem alguns, remontam a França, ao ano de 1894 - o ano do Caso Dreyfus. O Caso Dreyfus - no qual um jovem oficial judeu do Exército francês foi injustamente condenado por traição e exonerado depois de uma longa prisão - chocou os judeus do mundo inteiro. Eles perceberam que não havia lugar seguro para o povo judeu, excepto na sua pátria ancestral, e os sionistas judeus em todo o mundo foram levados à acção. Quando a Primeira Guerra Mundial começou, em 1914, o movimento sionista ganhou ímpeto.
Harry S. Truman (presidente dos Estados Unidos) e Chaim Weizmann (presidente de Israel).
Chaim Weizmann, cientista e líder sionista - e mais tarde o primeiro presidente de Israel - foi um importante defensor da restauração da independência na pátria judaica. Também foi um químico prestigiado, cujos trabalhos auxiliaram o esforço de guerra britânico na Primeira Guerra Mundial.
As discussões entre Weizmann e o então Ministro dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido, Lord Arthur Balfour, tinham começado uma década antes da guerra, e Weizmann, juntamente com o líder sionista e o cidadão britânico Nahum Sokolow, foi essencial para avançar com a legislação necessária.
Weizmanne correlegionários em Manchester, Reino Unido.
Em Novembro de 1917, Lord Balfour enviou uma carta ao Barão Rothschild, líder da comunidade judaica britânica, declarando o compromisso da Grã-Bretanha de estabelecer uma "pátria nacional para o povo judeu". Embora não declarasse formalmente a Palestina (a Terra de Israel, então sob domínio britânico) como "a" Pátria dos judeus, foi a primeira vez que as aspirações sionistas foram oficializadas.
Arthur Balfour (1848 - 1930)
A declaração foi aceite pela Liga das Nações em 1922. Graças a ela, os judeus na Terra Santa conseguiram passar a gerir os seus próprios assuntos internos e economia, e a vida cultural judaica floresceu. No entanto, em 1939, a Grã-Bretanha emitiu um Livro Branco, essencialmente renegando a declaração original, e afirmando que uma pátria judaica já não era uma prioridade. A imigração para a Palestina foi severamente restringida, e, por isso, muitos judeus foram incapazes de fugir da perseguição que recrudescia na Europa Oriental e Central.
Apesar disso, a Declaração de Balfour estabeleceu uma base sólida para realizar o sonho sionista, tornando-se o primeiro passo oficialmente sancionado para o que acabaria por se tornar o Estado Judaico moderno.
Ministério dos Negócios Estrangeiros
2 de Novembro de 1917
Caro Lorde Rothschild,
Tenho muito prazer em transmitir-lhe. Em nome do Governo de Sua Majestade, a seguinte declaração de simpatia pelas aspirações sionistas judaicas que foi submetida e aprovada pelo Gabinete.
O Governo de Sua Majestade considera favorável o estabelecimento, na Palestina, de um lar nacional para o povo judeu, e fará todos os esforços para facilitar a realização deste objectivo, entendendo-se claramente que nada poderá ser feito que possa prejudicar os direitos civis e religiosos das comunidades não judaicas existentes na Palestina ou dos direitos e status político de que gozam os judeus em qualquer outro país.
Agradeço-lhe que leve esta declaração ao conhecimento da Federação Sionista.
Velhos judeus em Jerusalém - início do século XX. A presença dos judeus na sua terra - Israel - é ininterrupta desde há mais de quatro milénios. Poucos povos e nações se podem gabar de ter tanta legitimidade histórica e jurídica.
Os modernosolim
pisavam uma terra inóspita, não arável e cercada por vizinhos hostis.
No entanto, os imigrantes jovens e idealistas das primeiras Aliyot não
deixaram que isso os dissuadisse. Determinados a escapar de uma
sociedade anti-semita na Europa, e cheios de amor pela pátria de Israel,
os primeiros olim desembarcaram e deitaram mãos à duríssima tarefa de construir um país.
"Esta é a Terra" - 1935
A primeira Aliyah, entre 1882 - 1903, estava cheia desses
imigrantes, principalmente da Rússia, determinados a cultivar a terra e
revitalizar a vida judaica em Israel. Eles estabeleceram cidades como
Petah-Tikvah, Zichron Yaacov, Rishon LeZion e Rosh Pina. Embora não
tivessem experiência agrícola ou agrária, estabeleceram assentamentos e
cultivaram a terra.
Muitos partiram após alguns anos, desencorajados
pela falta de sucesso, doenças desenfreadas e ataques esporádicos dos
árabes locais; muitas comunidades teriam, soçobrado, se não tivesse
sido o apoio do filantropo britânico Barão Edmond James de Rothschild,
que ajudou a financiar os assentamentos até que ganhassem estabilidade.
Os judeus das primeiras Aliyot procuraram mudar a própria
natureza da Palestina, e voltar a fazer dela uma terra judaica, através
de um processo de compra de tanta terra quanto possível. A comunidade
árabe, alarmada com esse súbito afluxo de imigrantes judeus e
compradores de terras, resistiu com ataques e tumultos em assentamentos
judeus.
"19º Congresso Sionista" - 1935
A Segunda Aliyah, entre 1904 e 1914, foi uma das mais influentes, responsável pelo estabelecimento do movimento dos kibutz e pela revitalização da língua Hebraica. Os membros de Aliyah Bet fundaram o grupo de defesa HaShomer,
a fim de proteger os imigrantes judeus dos cada vez mais frequentes, e
mais hostis, ataques árabes. Em 1917, a Palestina tornou-se um Mandato
Britânico, e a Aliyah, que parou durante a Primeira Guerra Mundial, recomeçou.
A Terceira Aliyah, de 1919-1923, incluiu muitos imigrantes
com formação agrícola que agora eram capazes de assumir a agricultura e
criar uma economia sustentável.
Em 1920, os motins de Nabi Musa ocorreram dentro e ao redor da
Cidade Velha de Jerusalém. As tensões com os árabes aumentaram, devido
ao influxo maciço de imigrantes judeus, e os ataques multiplicaram-se.
Todos os anos, os muçulmanos celebravam o feriado de Nabi Musa ( "Profeta Moisés") em Jerusalém, geralmente na época da Páscoa, e as
festividades culminavam numa peregrinação de Jerusalém a Jericó, onde
acreditavam que Moisés estava enterrado (mais uma distorção islâmica das Escrituras, pois o túmulo de Moisés é desconhecido, leia-se a Torá).
Durante a celebração de 1920,
os discursos inflamatórios levaram a um grande surto de violência em
Jerusalém, e a meio da manhã de 4 de Abril, os judeus já haviam sido
vítimas de ataques. Um dos incitadores foi Hajj Amin al-Husayni, que
mais tarde se tornou o Grande Mufti de Jerusalém, grande aliado de Hitler e cúmplice do Holocausto. Seu tio, Musa
al-Husayni, era o presidente do município de Jerusalém. As multidões
árabes foram levadas ao frenesi, saqueando o Bairro Judeu, atacando
pedestres, destruindo lojas e casas judaicas e invadindo a Yeshiva Torah
Chaim, onde rasgaram os pergaminhos da Torá e incendiaram o prédio. Em
apenas três horas, 160 judeus foram feridos. Durante os três dias
seguintes, os tumultos e os ataques continuaram.
"Terra Prometida" - 1924
A resposta britânica foi discreta; os ocupantes britânicos fizeram
pouco para deter os agitadores árabes e, em muitos casos, impediram os
judeus de se defenderem. O inquérito britânico culpou os sionistas por
incitarem os tumultos, apesar de terem condenado Hajj al-Husayni a dez
anos de prisão em julgamento à revelia, e removido Musa al-Husayni de
sua posição de presidente.
No rescaldo dos tumultos, a imigração judaica
foi severamente restringida pelos britânicos, a fim de apaziguar a
população árabe. Os judeus responderam estabelecendo movimentos
militares subterrâneos, ou seja, a Haganah, a fim de estarem mais bem preparados na próxima vez.
"Após as revoltas árabes de 1929"
No entanto, o desastre atingiu novamente os judeus do ano seguinte. Em Maio de 1921, os "motins de Jaffa" começaram quando dois grupos rivais - o Partido Comunista Judeu e o Ahdut HaAvoda
- se encontraram enquanto desfilavam, e uma briga explodiu ao longo da
estrada de Jaffa para Tel Aviv. A comunidade árabe em Jaffa, ouvindo os
sons da luta, foi à ofensiva. Homens árabes invadiram edifícios
judaicos, destruindo tudo e matando os judeus, com as mulheres seguindo
logo atrás a saquear mercadorias. Os civis judeus foram brutalmente
assassinados e as lojas foram demolidas. Os árabes entraram em casas
judaicas e mataram os moradores desarmados, incluindo crianças. Um
albergue de imigrantes foi atacado e os judeus feridos.
Desta vez, o governo britânico interveio. Dois destroyers foram
enviados para Jaffa e um para Haifa. O Alto Comissário britânico tentou
falar com os árabes e acalmá-los. Musa al-Husayni, que tinha sido
forçado a deixar sua posição de presidente no ano anterior, exigiu uma
suspensão imediata e completa da imigração judaica. Os britânicos
consentiram, e foram recusados autorizações a barcos
que transportavam 300 judeus , e estes enviados de volta para Istambul.
Hajj al-Husayni, também indiciado nos motins do ano anterior, foi
nomeado Grande Mufti de Jerusalém. No final, quase cinquenta judeus
foram mortos e mais de 140 foram feridos.Os motins devastaram a cidade
de Jaffa, cujos habitantes judeus fugiram para Tel Aviv, nas
proximidades.
Além disso, as relações entre os sionistas e o governo
britânico deterioraram-se, quando os britânicos levaram a julgamento
alguns judeus que participaram nos tumultos. A imigração judaica foi
suspensa, com o propósito declarado de não perturbar a economia da
Palestina.
No entanto, os ataques árabes contra judeus e assentamentos
judaicos aumentaram durante a década de 1920, assim como a imigração. A
Quarta Aliyah, entre 1924 - 1929, trouxe 82.000 judeus, principalmente da Polónia e da Hungria. A Haganah (antecessor
das Forças de Defesa de Israel) cresceu, à medida que a Grã-Bretanha
continuava a deixar os judeus indefesos e vulneráveis.
Em Setembro de
1928, os judeus que oravam no Muro das Lamentações durante os serviços
de Iom Kipur montaram suas cadeiras e telas usuais, para separar
os homens e mulheres durante a oração. Os britânicos ordenaram que os
judeus removessem imediatamente as telas, alegando que assim violavam a
regra que proibia os judeus de construírem qualquer coisa na área do
Muro Ocidental. Hajj al-Husayni usou o incidente em seu proveito, e
distribuiu panfletos alegando que os judeus estavam a planear a tomada da
Mesquita Al-Aqsa, a mesquita adjacente ao Muro das Lamentações (e que na realidade não é nem nunca foi a verdadeira mesquita de Al-Aqsa, que nem fica em Israel).
Quase um ano depois, em Agosto de 1929, as tensões atingiram um ponto de ruptura mais uma vez. Durante Tisha B'Av,
o dia judaico nacional de luto, um grupo de judeus, liderado por
Vladimir (Ze'ev) Jabotinsky, organizou uma manifestação alegando que o
Muro Ocidental pertencia aos judeus. Rumores irromperam, e dizia-se que
os judeus gritavam invectivas anti-muçulmanas. Depois de um sermão
incendiário no dia seguinte, manifestantes árabes avançaram em direcção
ao Muro e atacaram os adoradores judeus, queimaram os livros de orações e as preces em papel depositadas nas fendas do Muro.
Em 23 de
Agosto, após um boato de que os judeus haviam matado dois árabes, os
árabes atacaram novamente os judeus na Cidade Velha, e a violência
espalhou-se por toda a Palestina. Dezassete judeus foram mortos em
Jerusalém.
"Uma Casa no Deserto" - 1947
Os piores massacres ocorreram em Hebron, onde quase setenta judeus foram mortos. Muitos
dos árabes da cidade ofereceram refúgio aos seus vizinhos judeus em
suas casas, mas depois de os motins terem terminado, os judeus foram
forçados a evacuar, e os seus bens foram apreendidos pelos árabes até depois
da Guerra dos Seis Dias de 1967. Em Safed, dezoito judeus foram mortos, e a principal avenida judaica foi saqueada e queimada.
Jabotinsky
Após os devastadores tumultos de 1929, foi criado o grupo militar Irgun, sob a liderança de Ze'ev Jabotinsky. O
governo britânico, percebendo a situação estava a ficar fora de
controle, criou a Comissão Peel, que recomendava separar a Palestina em
duas regiões autónomas. O plano nunca foi executado.
Na
década de 1930, apesar das restrições à imigração judaica, os judeus
continuaram a entrar na Palestina, procurando escapar do aumento da
perseguição na Europa. A
Quinta Aliah, de 1929 a 1939, era composta principalmente de judeus
alemães, e a Aliyah Bet (1933 - 1948) consistiu principalmente
de judeus que entraram ilegalmente na Terra de Israel/ Erets Israel, apesar das restrições
britânicas. Mais uma vez, a rápida imigração levou a um aumento dos ataques árabes, culminando nos distúrbios árabes de 1936-1939.
Em
1936, os trabalhadores árabes organizaram uma greve com o objectivo de
acabar com a imigração judaica, proibir a venda de terra na Palestina aos
judeus e criar um estado palestino independente. A greve levou a uma revolta geral e a uma série de ataques contra cidades judaicas e moradores judeus. Os
britânicos tentaram reprimir os atiradores árabes, mas, apesar dos seus
esforços, e dos da Haganah e do Irgun, os combates duraram quase três anos. No final, mais de 400 judeus haviam sido mortos.
"A Catástrofe de Tiberíades" - 1934
Um
resultado dos tumultos foi a emissão do Livro Branco britânico, que
essencialmente renegou os compromissos que a Grã-Bretanha havia feito na
Declaração de Balfour, duas décadas antes, e que prometia estabelecer uma
pátria para os judeus na Palestina.
A Grã-Bretanha afirmou que a criação de uma pátria judaica já não era
uma prioridade, e a imigração judaica, apesar das atrocidades cometidas
na Europa, permaneceu severamente limitada.
Enquanto
a política da Agência Judaica era apoiar o governo britânico no
conflito com a Alemanha, um grupo dissidente do Irgun formou sua própria
organização militar, o Lehi, ou Grupo Stern, que lutou contra os
britânicos em Israel. Após a Segunda Guerra Mundial, o Movimento de Resistência Judaica foi formado, e os ataques contra os britânicos aumentaram.
A
política britânica de restringir a imigração a Israel, no entanto, à
luz da tragédia do Holocausto, recebeu publicidade negativa, e no final
da década de 1940, a Grã-Bretanha recomendou entregar o problema
palestino à ONU.
Bandeira da "Palestina" durante o Mandato Britânico. O nome Palestina-Eretz Israel, ou apenas Palestina, era sinónimo de uma nação judaica com mais de 3.000 anos de História. A
soberania foi dado aos Árabes sobre mais de 96% do território anteriormente ocupado pelo Império Turco Otomano no Médio Oriente. Os Judeus receberam a pequena Palestina, em reconhecimento dos seus laços históricos. Mas a obsessão do Mundo permanece esses 0,5% do Médio Oriente que Israel constitui.