Moisés, na interpretação de Michaelangelo (1475 - 1564)
Embora Moisés tenha sido o primeiro
verdadeiro "Juiz", o período
histórico israelita dos "Juízes" começa depois da
morte de Josué, o pupilo de Moisés e o líder que trouxe os
israelitas para Canaã. O período está documentado na Bíblia, no Livro dos Juízes, e a pesquisa histórica e arqueológica está permanentemente a trazer-nos mais informação, como acontece a toda a História Bíblica, que é também a História de Israel.
A bênção de Moisés ao seu sucessor Josué, na interpretação de James Tissot (1836- 1902)
Josué (1355-1245 AEC) era um servo fiel de Moisés, um líder forte e um poderoso guerreiro. Depois da morte de Moisés, Josué trouxe os israelitas para a terra de Canaã. Mesmo antes de entrar na terra, Josué exibiu as suas proezas militares quando liderou a carga contra os Amalequitas em Refidim, quando estes atacaram os israelitas logo após a fuga do Egipto.
Segundo a narrativa bíblica no Rio Jordão, ao entrar na Terra Santa, as águas abriram-se para Josué, um evento semelhante ao que ocorreu a Moisés no Mar Vermelho (Josué 3-4).
Josué conquistou
a cidade de Jericó, na famosa batalha homónima. Em seguida, derrotou a nação de
Ai. Enfrentou e derrotou sucessivamente os 31 Reis que exerciam a soberania
sobre a Terra de Israel.
Jericó é uma das muitas cidades Antigas citadas na Bíblia, e cuja existência e descrição é confirmada pela pesquisa arqueológica. O mesmo se pode dizer, por exemplo das não menos famosas Siquém, Nínive, Betel ou Arade.
Canaã é a Terra que Deus prometeu a Abraão, Isaac e Jacob, e que mais tarde se chamou a
Terra de Israel. Quando Deus fez a Sua promessa, a Terra era habitada por Canaã, filho de Ham e neto de Noé. Canaã
e os cananeus são referidos 160 vezes na
Bíblia hebraica, ou Antigo Testamento.
A idolatria, os sacrifícios humanos e a degeneração de
costumes seriam a regra dos cananeus, muito à semelhança do que se passa hoje
em dia, em certas seitas para-religiosas. Quando regressaram do Egipto, os Hebreus encontraram a Terra ocupada pelos cananeus, que também eram povos semitas (a designação "semita" deriva de Sem, um dos filhos de Noé).
Em Canaã sacrificava-se crianças ao deus Moloch. A idolatria desenfreada é uma das razões que a narrativa Bíblica apresenta para a destruição de Canaã. Os sacrifícios humanos, contudo, ainda persistem na região, nos nossos dias (veja-se o caso dos matadouros de cristãos, que aqui temos mostrado).
Após a morte de Josué, os israelitas ficaram sem líder. Faltava uma pessoa forte para os unir. Anos de batalhas aguardavam-nos, pois eles foram incumbidos de destruir as nações hostis que viviam na Terra, a fim de finalmente a herdarem. A descentralização da liderança ameaçava minar os seus esforços, e foi nesse ponto que os "Juízes" surgiram para liderar o povo.
As suas funções iam além do dever legal do juiz moderno. Eles
estavam no comando das vidas morais e militares do seu povo, exortando-os a
seguirem os caminhos de Deus.
Embora relatos difiram sobre quem é realmente considerado um "Juiz", segundo os livros dos Juízes e de Samuel, há o consenso geral de que
houve doze juízes, começando com Otoniel
e terminando com Sansão. (Alguns
estudiosos contar o sumo-sacerdote Eli
e o Profeta Samuel também como
juízes.)
Sansão e Dalila, por Gustave Moreau (1826 - 1898). Os feitos de Sansão e o seu tórrido romance com Dalila têm amplo reflexo na Arte e no imaginário colectivo.
Lista dos Juízes, seus feitos, referencia bíblica e período de actividade:
Otniel – libertação da opressão Mesopotâmica (Juízes 3:7-11).
Eúde – libertação da opressão Moabita (Juízes 3:12-30). Governou por 80 anos.
Sangar – libertação da opressão Filisteia (Juízes 3:31).
Débora e Baraque – libertação da opressão Cananeia (Juízes 4:1 até 5:31). Governaram por 40 anos.
Gideão – libertação da opressão Midianita (Juízes 6:1 até 8:35). Governou por 40 anos.
Tola – tempos conturbados sob Abimeleque (Juízes 9:1 até 10:2). Governou por 23 anos.
Jair – tempos conturbados sob Abimeleque (Juízes 10:3-5 ). Governou por 22 anos.
Jefté – libertação da opressão Amonita (Juízes 10:6 até 12.7). Governou por 6 anos.
Ibsã – libertação da opressão do Período da Judicatura (Juízes 12:9). Governou por 7 anos.
Elom – libertação da opressão do Período da Judicatura (Juízes 12:11). Governou por 19 anos.
Abdom – libertação da opressão do Período da Judicatura (Juízes 12:14). Governou por 8 anos.
Sansão – libertação da opressão Filisteia (Juízes 13:1 até 16:31). Governou por 20 anos.
Eli – 40 anos (1 Samuel 1:1 até 4:22).
Samuel – libertação do jugo dos filisteus ; organização do Reino; último juiz (1 Samuel 7:15-17). Governou por 40 anos.
Alguns destes juízes reinaram simultaneamente.
Débora, protótipo da mulher virtuosa (ver Juízes 4 e 5), segundo James L. Johnson.
Apenas de cinco dos Juízes há narrativas no texto Bíblico: Ehud, Débora, Gideão, Jefté e Sansão. Durante este período, os israelitas foram bem sucedidos na conquista da Terra, conforme relatado pelas histórias emocionantes contadas no texto. No final do período dos Juízes, a luta interna ameaçou destruir os israelitas desde dentro.
Em Juízes
17: 6, Deus lamenta a falta de liderança e a falta de obediência à Lei
Divina. Este período de divisão e desorientação foi encerrada quando o povo
judeu foi unido sob o seu primeiro Rei, o Rei Saul, que foi ungido
(por orientação divina e a pedido do povo) por Samuel.
Tribos, cidades e Juízes de Israel
A seguir ao reinado de Saul, e com a unção do rei David, começou a dinastia Davídica, que inaugura o próximo capítulo
na História de Israel.
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