Invasão Assíria da Terra de Israel
Os Samaritanos
Uma outra consequência da Invasão Assíria foi a colonização de Israel pelos Assírios. Esse grupo instalou-se na capital do Reino de Israel, Samaria, e levou com ele os deuses e os cultos religiosos assírios. No Médio Oriente e naquela época, as pessoas eram acima de tudo altamente supersticiosas. Mesmo os Hebreus, monoteístas, não negavam necessariamente a existência ou o poder dos deuses de outros povos - pelo sim, pelo não...
Samaritanos de hoje.
Os povos conquistadores também viviam no temor de que os deuses locais se vingassem deles. Era comum, por isso, adoptarem o Deus ou deuses locais, e integrarem esse culto na sua religião e no seu culto.
Ruínas do Templo Samaritano no Monte Guerzim
Passado algum tempo, por isso, os Assírios na Samaria adoravam o Deus de Israel. Sem deixarem de prestar culto aos seus próprios deuses.
E passado um par de séculos, já adoravam o Deus de Israel exclusivamente. Assim se originou o único grande cisma na religião de Javé: o cisma entre os Judeus e os Samaritanos. Os Samaritanos, que eram Assírios e, portanto, não-Hebreus, adoptaram quase todos a Torá Hebraica e as suas práticas e culto; ao contrário dos Judeus, no entanto, eles acreditavam que poderiam sacrificar a Deus fora do Templo em Jerusalém.
Os Judeus franziram a testa aos Samaritanos, negando que um não-Hebreu tivesse o direito de ser incluído entre o Povo Escolhido. Ainda mais os irritou que os Samaritanos se atrevessem a sacrificar ao Senhor fora de Jerusalém. Preconceitos das mentalidades de há milénios. Noutras civilizações contemporâneas também os encontraremos.
O cisma Samaritano desempenhou um papel importante na rectórica de Jesus de Nazaré. Ainda há Samaritanos que vivem nas redondezas cidade de Samaria.
As relações dos Samaritanos com os diversos ocupantes da Terra de Israel foi irregular.
Foram aliados dos Selêucidas no combate aos Judeus, narrado nas Escrituras nos Livro dos Macabeus.
Durante o domínio do Império Romano foram cruelmente reprimidos, pois o Império temia que se aliassem aos Judeus na luta pela restauração da Independência. Os Samaritanos preferiram a morte à capitulação.
Sob o Império Bizantino, o Segundo Templo dos Samaritanos foi destruído e não voltou a erguer-se. Em 529 A.E.C., a Revolta dos Samaritanos contra o Império Bizantino saldou-se por um rotundo insucesso, e pelo extermínio ou conversão forçada de milhares de infortunados Samaritanos. Nessa época, os Samaritanos deixaram de ser uma nação para serem uma minoria étnica-religiosa.
Antigo cemitério Samaritano, em Israel.
As investidas islâmicas na Terra de Israel também não foram boas para os Samaritanos, apesar de alguns se terem convertido ao Islão e prosperado na sociedade islâmica. No século XVI, os Mamelucos não pouparam os lugares de culto Samaritanos nem Judeus.
Já sob o domínio Turco, em 1841, as autoridades muçulmanas acusaram os Samaritanos de serem pagãos, o que poderia ter-lhes acarretado gravíssimas consequências, não fora a intervenção do Grão-Rabino da Palestina, que emitiu um documento no qual atestava que os Samaritanos eram um ramo dos Filhos de Israel.
Família Samaritana - século XIX
As população Samaritana voltou a crescer e a escapar a uma extinção repetidamente anunciada já no século XX, após a restauração da independência de Israel. No século XIX chegaram a ser menos de 120. Hoje são cerca de 750. Regra geral, não aceitam conversões, e não se casam fora da sua comunidade religiosa, o que acarreta enfermidades genéticas e limita o crescimento demográfico.
Onde se situam as comunidades Samaritanas ainda hoje
O Movimento Sionista e o Estado Judaico, que se caracterizam pela sua laicidade, aceitaram os Samaritanos sem quaisquer reticências, apesar de subsistirem divergências de fé entre Judeus e Samaritanos ainda hoje.
Israel é um país democrático - ó único no Médio Oriente - e todos os seus cidadãos (judeus, samaritanos, druzos, árabes, beduínos, arameus e outros) gozam dos mesmos direitos.
Celebração da Páscoa. Os Samaritanos continuam a usar os seus antigos e tradicionais fornos.
No essencial dos princípios de fé, ambas as comunidades concordam, mas os Samaritanos apenas aceitam a Torá, que interpretam literalmente, e recusam obras exegéticas como o Talmud ou o Midrash.
Os Samaritanos crêem na Unidade e unicidade de Deus, na qualidade profética de Moisés, na inspiração Divina da Torá, na ressurreição, no carácter sagrado e único do Monte Guerzim, e aguardam, como os Judeus, a vinda do Messias, o Taheb, que será semelhante a Moisés.
Antiga lamparina de azeite
Os bilhetes de identidade dos Samaritanos de Israel classificam-nos como "judeus samaritanos" ou simplesmente "judeus". O Estado de Israel protegeu legalmente as comunidades e locais sagrados dos Samaritanos. Ao contrário dos Árabes, a generalidade dos Samaritanos cumpre o serviço militar.
Anciãos Samaritanos visitam a Exposição da Cultura Samaritana, em Jerusalém.
Será desnecessário referir que esta é apenas uma modesta entrada num modesto blogue. Para saber mais sobre a História de Israel, convidamos os nossos leitores a explorarem por sua conta. Há inúmeros sites e livros sobre História e Arqueologia de Israel, e muitos fazem a correspondência com a Bíblia, o que é bastante interessante.
Site da Comunidade Samaritana - http://www.israelite-samaritans.com/
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