sábado, 31 de outubro de 2015

História de Israel - A conquista de Judá


A conquista de Judá

Como descrevemos nos capítulos anteriores desta resumida História de Israel, os três primeiros Reis foram Saúl, David e Salomão. Após a morte de Salomão, as dez tribos do norte revoltaram-se e estabeleceram o Reino de Israel, no norte. As restantes tribos permaneceram leais ao filho de Salomão e formaram o Reino de Judá, no sul.


A História dos Reis de Judá vem narrada na Bíblia nos Livros das Crónicas.


Esta é a lista dos Reis de Judá: 
 
Roboão (928-911), Abias (911-908), Asa (908-867), Jeosafá (867-851), Jorão/Joram (851-843), Acazias/Jeoacaz (843-842), Atalia (842-836), Joás/Jeoás (836-799),  Amaziah/Amazias (799-786), Uzias (786-758), Jotão/Jotan (758-742), Acaz (742-726), Ezequias (726-697), Manassés (697-642), Amon (642-640), Josiah/Josias (640-609), Jeoacaz (609-608), Joaquim/Eliaquim (608-597), Joaquim (597), Zedequias (597-587). 



Representação dos Reis de Judá na Catedral de Notre-Dame de Paris


A conquista do Reino de Israel, ou Reino do Norte, deve ter causado forte alarme no Reino de Judá, ou Reino do Sul. Judá escapou à conquista pelos Assírios, mas viria a cair um século mais tarde, às mãos dos Caldeus.

O Rei assírio Sennacherib lograria conquistar território a Judá, em 701 A.E.C., e os judeus quase sofreram o mesmo destino dos israelitas. Em 625 A.E.C., os Babilônios, sob o Rei Nabopolassar, iriam consolidar o seu controle sobre a Mesopotâmia, e o Rei judeu Josias procurou agressivamente alargar o seu território, aproveitando-se do vácuo de poder na região. Judá ver-se-ia em breve enredado nas lutas de poder entre Assírios, Babilônios e Egípcios:

Quando o filho de Josias, Jeoacaz, subiu ao trono, o Rei do Egito, Neco (posto no poder pelos Assírios), atacou com sucesso Judá, que se tornou um Estado vassalo do Egipto. 

Quando os Babilônios derrotaram os Egípcios em 605 A.E.C., Judá tornou-se passou a ser um Estado vassalo da Babilónia. 

Mas quando os Babilónios foram derrotados em 601 A.E.C., o Rei de Judá, Joaquim, desertou aliou-se os egípcios. Então o Rei da Babilónia, o famoso Nabucodonosor, organizou uma expedição para punir Judá, em 597 A.E.C.. 


O poderoso Rei Nabucodonosor

O novo Rei de Judá, Joaquim, entregou a cidade de Jerusalém a Nabucodonosor, que, em seguida, nomeou um novo rei sobre Judá, Zedequias. Em conformidade com a prática da Mesopotâmia, Nabucodonosor deportou cerca de 10.000 judeus para a sua capital, Babilónia; todos os deportados eram profissionais especializados, cidadãos ricos, e artesãos. As pessoas comuns foram autorizadas a permanecer em Judá. Esta expulsão foi o início do Exílio.

Os famosos Jardins Suspensos da Babilónia. Esta cidade possuía uma organização social, legal, política, económica e cultural, que fez dela o berço da Civilização, segundo muitas opiniões.

A história poderia ter terminado ali, com a assimilação dos judeus e a sua dissolução entre as muitas civilizações extintas desta tão agitada região do globo. No entanto, Zedequias revoltou-se contra o domínio dos Babilónios mais uma vez. Nabucodonosor respondeu com outra expedição em 588 A.E.C., e conquistou Jerusalém em 586 A.E.C.. Nabucodonosor capturou Zedequias, e obrigou-o a assistir o assassinato dos seus filhos; em seguida, cegou todos os que viria a deportar para a Babilónia. Mais uma vez, deportou os cidadãos proeminentes, mas em número muito menor do que em 597: calcula-se que foram deportadas entre 832 e 1577 pessoas.

A execução dos filhos de Zedequias, por Nabucodonosor. A ópera Nabucco (Nabucodonosor), de Giuseppe Verdi, é uma das mais emocionantes narrativas deste período histórico.

O Reino Hebraico, que começara com as promessas de glória personificadas em David, parecia agora chegar ao fim. Parecia que nenhuma nação judaica iria jamais existir novamente. E também parecia que a ligação especial que o Senhor prometeu aos Hebreus, a aliança segundo a qual estes teriam um lugar especial na História, tinha sido quebrada e esquecido pelo seu Deus. Este período de confusão e desespero, com uma comunidade unida mas desalojada, nas ruas de Babilónia, tornou-se um dos períodos históricos mais importantes da história judaica: o Exílio.


Um dos episódios mais intrigantes deste período foi o sonho de Nabucodonosor, interpretado pelo Profeta Daniel. O ídolo que o Rei vira em sonhos seria o símbolo dos Impérios que invadiriam a Terra de Israel, antes do tempo final, o da vinda do Messias e do estabelecimento do Reino de Deus na Terra, que será o tempo actual.

Separados dos seus irmãos que não foram deportados, os judeus da Diáspora produziram neste período reflexões preciosas, narradas em diversas obras, nomeadamente na Bíblia. Foi uma dura prova, no entanto espiritualmente fértil.

 

domingo, 25 de outubro de 2015

História de Israel - Os Samaritanos


  Invasão Assíria da Terra de Israel

Os Samaritanos
Uma outra consequência da Invasão Assíria foi a colonização de Israel pelos Assírios. Esse grupo instalou-se na capital do Reino de Israel, Samaria, e levou com ele os deuses e os cultos religiosos assírios. No Médio Oriente e naquela época, as pessoas eram acima de tudo altamente supersticiosas. Mesmo os Hebreus, monoteístas, não negavam necessariamente a existência ou o poder dos deuses de outros povos - pelo sim, pelo não...

Samaritanos de hoje.

Os povos conquistadores também viviam no temor de que os deuses locais se vingassem deles. Era comum, por isso, adoptarem o Deus ou deuses locais, e integrarem esse culto na sua religião e no seu culto.


 Ruínas do Templo Samaritano no Monte Guerzim

Passado algum tempo, por isso, os Assírios na Samaria adoravam o Deus de Israel.  Sem deixarem de prestar culto aos seus próprios deuses.
E passado um par de séculos, já adoravam o Deus de Israel exclusivamente. Assim se originou o único grande cisma na religião de Javé: o cisma entre os Judeus e os Samaritanos. Os Samaritanos, que eram Assírios e, portanto, não-Hebreus, adoptaram quase todos a Torá Hebraica e as suas práticas e culto; ao contrário dos Judeus, no entanto, eles acreditavam que poderiam sacrificar a Deus fora do Templo em Jerusalém. 
Os Judeus franziram a testa aos Samaritanos, negando que um não-Hebreu tivesse o direito de ser incluído entre o Povo Escolhido.  Ainda mais os irritou que os Samaritanos se atrevessem a sacrificar ao Senhor fora de Jerusalém. Preconceitos das mentalidades de há milénios. Noutras civilizações contemporâneas também os encontraremos.
O cisma Samaritano desempenhou um papel importante na rectórica de Jesus de Nazaré. Ainda há Samaritanos que vivem nas redondezas cidade de Samaria.
Sacerdote Samaritano junto da Torá

As relações dos Samaritanos com os diversos ocupantes da Terra de Israel foi irregular.

Foram aliados dos Selêucidas no combate aos Judeus, narrado nas Escrituras nos Livro dos Macabeus.

Durante o domínio do Império Romano foram cruelmente reprimidos, pois o Império temia que se aliassem aos Judeus na luta pela restauração da Independência. Os Samaritanos preferiram a morte à capitulação.

Sob o Império Bizantino, o Segundo Templo dos Samaritanos foi destruído e não voltou a erguer-se. Em 529 A.E.C., a Revolta dos Samaritanos contra o Império Bizantino saldou-se por um rotundo insucesso, e pelo extermínio ou conversão forçada de milhares de infortunados Samaritanos. Nessa época, os Samaritanos deixaram de ser uma nação para serem uma minoria étnica-religiosa.


 Antigo cemitério Samaritano, em Israel.

As investidas islâmicas na Terra de Israel também não foram boas para os Samaritanos, apesar de alguns se terem convertido ao Islão e prosperado na sociedade islâmica. No século XVI, os Mamelucos não pouparam os lugares de culto Samaritanos nem Judeus.
Já sob o domínio Turco, em 1841, as autoridades muçulmanas acusaram os Samaritanos de serem pagãos, o que poderia ter-lhes acarretado gravíssimas consequências, não fora a intervenção do Grão-Rabino da Palestina, que emitiu um documento no qual atestava que os Samaritanos eram um ramo dos Filhos de Israel.

Família Samaritana - século XIX

As população Samaritana voltou a crescer e a escapar a uma extinção repetidamente anunciada já no século XX, após a restauração da independência de Israel.  No século XIX chegaram a ser menos de 120. Hoje são cerca de 750. Regra geral, não aceitam conversões, e não se casam fora da sua comunidade religiosa, o que acarreta enfermidades genéticas e limita o crescimento demográfico.

 
 Onde se situam as comunidades Samaritanas ainda hoje

O Movimento Sionista e o Estado Judaico, que se caracterizam pela sua laicidade, aceitaram os Samaritanos sem quaisquer reticências, apesar de subsistirem divergências de fé entre Judeus e Samaritanos ainda hoje.
Israel é um país democrático - ó único no Médio Oriente - e todos os seus cidadãos (judeus, samaritanos, druzos, árabes, beduínos, arameus e outros) gozam dos mesmos direitos.

Celebração da Páscoa. Os Samaritanos continuam a usar os seus antigos e tradicionais fornos.

No essencial dos princípios de fé, ambas as comunidades concordam, mas os Samaritanos apenas aceitam a Torá, que interpretam literalmente, e recusam obras exegéticas como o Talmud ou o Midrash.  
Os Samaritanos crêem na Unidade e unicidade de Deus, na qualidade profética de Moisés, na inspiração Divina da Torá, na ressurreição, no carácter sagrado e único do Monte Guerzim, e aguardam, como os Judeus, a vinda do Messias, o Taheb, que será semelhante a Moisés.

Antiga lamparina de azeite 

Os bilhetes de identidade dos Samaritanos de Israel classificam-nos como "judeus samaritanos" ou simplesmente "judeus". O Estado de Israel protegeu legalmente as comunidades e locais sagrados dos Samaritanos. Ao contrário dos Árabes, a generalidade dos Samaritanos cumpre o serviço militar.


Anciãos Samaritanos visitam a Exposição da Cultura Samaritana,  em Jerusalém.

Será desnecessário referir que esta é apenas uma modesta entrada num modesto blogue. Para saber mais sobre a História de Israel, convidamos os nossos leitores a explorarem por sua conta. Há inúmeros sites e livros sobre História e Arqueologia de Israel, e muitos fazem a correspondência com a Bíblia, o que é bastante interessante.
Site da Comunidade Samaritana -  http://www.israelite-samaritans.com/

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

História de Israel - A conquista de Israel

Quando os Assírios conquistaram o Reino de Israel, em 722A.E.C.), 10 tribos judaicas foram exiladas. Nesta baixo relevo assírio os judeus são retratados sendo conduzidos com os seus haveres e gado para fora de Israel. Esta peça foi encontrada no palácio do Rei Senaqueribe, em Nínive. Esta é uma das poucas representações do povo judeu na época.

A conquista de Israel
 
 
Reino de Israel (Norte) e Reino de Judá (Sul)


Em 722 A.E.C., os Assírios conquistaram o Reino de Israel. Eram um povo agressivos e muito eficiente em termos bélicos; a História do seu domínio sobre o Médio Oriente é de guerra constante. A fim de assegurarem que os territórios conquistados permaneceriam pacificados, os Assírios forçavam muitos dos habitantes nativos a mudarem-se para outras partes do seu Império. Escolhiam quase sempre gente das classes mais altas e mais poderosas, pois não tinham razão para temer a massa geral das populações. Enviavam então Assírios para colonizar os territórios conquistados.

 

Recriação da conquista Assíria do Reino de Israel, ou Reino do Norte.
 
Quando conquistaram Israel, forçaram as Dez Tribos a espalharem-se por todo o seu Império. Pode dizer-se que esta foi a primeira Diáspora ("diáspora" = "dispersão") dos judeus, só que que estes desapareceram da História de forma permanente. São por isso chamados "As Dez Tribos Perdidas de Israel", que continuam, milhares de anos depois, a incendiar a imaginação popular, como vimos no post anterior desta série. 
 
É difícil determinar porque é que tal sucedeu. Os judeus têm sobrevivido, ao longo da História, a inúmeras perseguições, diásporas e até genocídios. Os Assírios não deslocaram os israelitas todos para o mesmo lugar. Em vez disso espalharam-nos em pequenas populações em todo o  Médio Oriente. Quando os Babilônios mais tarde conquistaram Judá , também deslocaram uma enorme quantidade da população. No entanto, alojaram essa população num único local, permitindo que os judeus constituíssem uma comunidade separada e mantivessem a sua religião e identidade. Os israelitas deportados pelos Assírios, no entanto, não vivendo em comunidades estruturadas, ter-se-ão desligado da sua religião, dos seus nomes e das suas identidades hebraicas.  
 
O velho combate entre o Bem e o Mal
 
Os Judeus são primeiro povo monoteísta da História. Não apenas adoravam o Deus Único, como possuíam os preceitos de Humanismo consagrados na Torá, que ainda hoje a Humanidade se esforça por alcançar. Os Assírios, além de politeístas (ou idólatras, se preferirmos) não valorizavam o Bem ou a Justiça, mas apenas a Força.
 
A vocação Judaica acabou por impregnar toda a Civilização Ocidental, que, não sendo perfeita, mantém um debate permanente sobre o que está certo e o que está errado. Ética, Moral, Humanismo, não estão, infelizmente, por enquanto, nos horizontes culturais de todos os povos. Sintomaticamente, Adolf Hitler, o maior genocida que despontou na nossa parte do Mundo, idolatrava ideologias como o Islão e deplorava a tradição judaico-cristã. É famosa a sua alegação de que "a consciência é uma invenção judaica".
 
Não é uma invenção, mas uma dádiva de Deus à Humanidade. É nesse sentido que os Judeus são o "povo escolhido", porque foi a eles que Deus escolheu para Se revelar. Repetimos: os Judeus são primeiro povo monoteísta da História. Quem discordar da escolha de Deus, proteste com Ele. os Judeus não têm culpa.
 
 
Os judeus foram levados cativos
 

O Império Assírio

O auge do Império Assírio foi atingido com a submissão de toda a Mesopotâmia, incluindo a Babilónia, a Síria, o Egipto e parte da Ásia Menor (900-612 A.E.C.).


 
Salmaneser III (858-823 A.E.C.) conquista parte de Israel. 
Tiglate-Pileser III (745-726 A.E.C.) conquista a Babilónia e a Síria.
Salmaneser V (726-721 A.E.C.) conquista Samaria.
Sargão II (721-705 A.E.C.).
Senaqueribe (705-681 A.E.C.) conquista a Síria, a Fenícia e parte da Judeia.
Esar-Hadom (681-668 A.EC.) conquista o Egito.
Assurbanipal (668-625 A.E.C.) destaca-se pela sua biblioteca em Nínive.
 

Os Assírios

Os Assírios eram um dos povos semitas que viviam na região do Cáucaso e que migraram para o planalto de Assur, na Alta Mesopotâmia, por volta do ano 2.400 a.C.. Essa região compreende o norte do actual Iraque. O nome "Assíria" deriva do nome de um dos seus deuses, que passou a nomear o planalto e a cidade de Assur.

O Estado Assírio foi forjado no cadinho da guerra, invasão e conquista. A liderança era quase inteiramente composta por chefes militares, que se tornaram ricos mercê dos despojos tomados na guerra. O Exército era o maior jamais visto no Médio Oriente ou no Mediterrâneo. As exigências da guerra animavam a inovação tecnológica, o que tornou os Assírios quase imbatíveis, com as suas espadas de ferro, lanças, arcos, armaduras de metal, aríetes ou carruagens puxadas por cavalos. Considera-se que este foi o primeiro Exército organizado em secções da História.
 
 

 
A máquina de guerra Assíria era das mais eficientes da Antiguidade

 
A extrema crueldade dos Assírios era conhecida no Mundo Antigo. Tortura, empalamento, decapitação, amputações, esfolamento em vida, eram o destino dos soldados derrotados. Esse tipo de tratamento gerava forte impacto psicológico e permitiu a rápida submissão dos outros povos mesopotâmicos e de toda a região.
O Império Assírio durou aproximadamente de 1.300 A.E.C. a 612 A.E.C., imprimindo nos povos da região influências ainda hoje visíveis, nomeadamente na tendência bélica - trata-se da região mais perigosa do globo, em guerra permanente desde sempre. Por estranho que possa parecer a quem viva no Mundo Livre, a crueldade referida no parágrafo anterior mantém-se, inalterável, hoje, pelas mãos dos terroristas do ISIS ou do Hamas, por muito que os media evitem mostrá-la.
 

 

Execuções em massa, suplícios atrozes, são dia-a-dia do Medio-Oriente. Nesta imagem é o ISIS que elimina mais umas centenas de pessoas, apenas porque não são muçulmanos sunitas radicais. Os extremistas Ocidentais apoiam estes procedimentos.


NOTA - Esta nossa pequena e despretensiosa História de Israel pretende ser o meio-termo entre  as duas críticas habituais que os inimigos de Israel fazem: se lhes mostramos uma História resumida dizem que é muito resumida; se lhes mostramos uma História extensiva dizem que "não têm vagar para essas coisas". Obviamente que esta será muito meio-termo. Como, ao fim e ao cabo, eles são impossíveis de contentar, servirá este pequeno esforço para encorajar os caros visitantes a aprofundarem os seus conhecimentos sobre Israel e sobre a região.



sábado, 3 de outubro de 2015

História de Israel - Reino dividido


"Saúl, David e Salomão" - Maerten de Vos, 1599

O Rei Saúl, o Rei David, e o Rei Salomão, foram os três primeiros Reis de Israel. O Rei Saúl foi ungido pelo profeta Samuel (I Samuel 10). Após a sua morte, o Rei David subiu ao trono (2 Samuel 2), começando a Dinastia Davídica, que durou três séculos. O Rei Salomão foi o último a governar sobre um Reino unido. Deus advertiu-o que por causa dos seus pecados, o Reino seria dividido em dois depois de sua morte (I Reis 11).
 

O Reino do Norte e o Reino do Sul (em cor mais clara, no mapa). A linha encarnada assinala as fronteiras actuais do Estado de Israel.

Com efeito, após a morte de Salomão, o seu filho Roboão passou a governar o Reino do Sul, que consiste em duas tribos, Judá e Benjamin. O seu Reino foi chamado "de Judá". A tribo de Judá foi sempre a mais numerosa das Tribos de Israel, e a de Benjamin a menos numerosa. O Reino do Norte, com as outras dez tribos, foi chamado "de Israel".

Mapa da distribuição territorial das 12 Tribos de Israel - da Jewish Virtual Library, que recomendamos vivamente.

No norte, o primeiro Rei de Israel foi Jeroboão, em 928 A.E.C.; e o último Rei foi Oséias, em 722 A.E.C.. Os Assírios começaram a conquista de Israel em 722, conduzindo ao exílio dos israelitas do Reino do Norte, alguns anos depois. Esses israelitas ficaram conhecidos como as "Tribos Perdidas", não havendo registo do seu regresso colectivo a Israel.


Mosaico das 12 Tribos de Israel, numa sinagoga em Jerusalém.

No sul, a autonomia durou um pouco mais; o último  Rei de Judá  foi Zedequias, cujo reinado terminou em 587, com a destruição do Templo e a queda de Jerusalém. A destruição do Primeiro Templo e o subsequente Exílio Babilónico assinalaram o fim da Era dos Reis de Israel.


A partir da descrição Bíblica, podemos ter uma ideia de como se dispunham as 12 Tribos ao redor do Tabernáculo, durante o Êxodo. Neste excelente blogue pode encontrar  ilustrações da narrativa Bíblica.

ISRAELISMO OU ISRAELOMANIA?

Circulam diversas teorias fantasiosas, de que cada uma das tribos perdidas veio a fundar um país. Encontramos por aí, pelas bibliotecas e pela Internet, as mais diversas reivindicações de que o país tal ou tal foram fundados por uma das tribos perdidas. E isto nos 5 continentes! A crer nestas teorias, as tribos originais teriam que ser quase tantas quantos os países do Mundo...
É mais um estranho paradoxo que envolve Israel e o seu povo. Por um lado, trata-se de um país e de um povo invulgarmente caluniados e perseguidos, alvo de sucessivas tentativas de extinção. Por outro lado, não falta gente, por todo o Mundo, que afirma que o seu povo é descendente desta ou daquela tribo de Israel, e por isso, os "verdadeiros judeus".

Milhentos sites descrevem supostas migrações dos "verdadeiros judeus", das Tribos Perdidas, para os respectivos países. Pega-se num mapa e desenha-se umas setas. A História à moda da casa...

Há de tudo. O mais interessante é um grupo que afirma que os "verdadeiros judeus" são os "arianos", a fantasia histórica que esteve na base da ideologia nazi! Mas a "História Criativa" não é de agora. O chamado Israelismo Britânico foi bastante popular durante a ascensão do Império Britânico, vindo a "onda" a declinar quando o Império foi convertido em comunidade das nações (a famosa Commonwealth). Nos primeiros anos do século XX, Charles Parham e John Allen foram os principais divulgadores desta teoria  nos Estados Unidos.

A "prova" de que os Britânicos seriam os "verdadeiros judeus" é que nas armas de Inglaterra constam dois leões - que "obviamente" serão os da Tribo de Judá (que nem sequer é uma das "Tribos Perdidas").

Esta crença inclui a identificação das pessoas britânicas e americanas como descendentes dos dois filhos de Jacob: Efraim e Manassés. O termo "britânico" seria derivada da antiga palavra hebraica "beriyth" (aliança). O termo "Saxon"/ Saxão" teria a sua origem em "Isaac's Sons"/"Filhos de Isaac". As "provas" de que os europeus seriam descendentes da tribo israelita de Dan seriam os nomes de muitos rios e cidades (por exemplo, o Rio Danúbio).


A fábrica de bolos Dancake, situada na Póvoa de Santa Iria, Portugal, também é, provavelmente, uma das "provas" de que os europeus continentais descendem todos da Tribo de Dan!

Conclusão: Basicamente, todos os países do Mundo são habitados pelos "verdadeiros judeus". Menos um: Israel! 

Já por diversas vezes aqui divulgámos, não apenas o que a História e a Arqueologia dizem sobre a legitimidade de Israel como Pátria Eterna dos judeus. Desafiamos qualquer dos que põem em causa essa legitimidade a darem-nos exemplos de Estados modernos em que os habitantes tenham mais ligação à Terra. Para começar pelas proximidades geográficas de Israel, encontramos países cujos habitantes originais foram dizimados pelos invasores Árabes, como estes quiseram fazer em 1920, quando invadiram Israel, e em 1948, quando se retiraram para os Exércitos Árabes "atirarem os judeus todos ao mar".

Os mais conceituados peritos em Genética confirmam que os judeus são judeus, para que aos israelófobos são restem dúvidas. 

A seguir, um trecho de uma palestra do Dr. Jon Entine discutindo porque é que o povo judeu é um assunto de investigação interessante para a pesquisa genética e como o estudo do DNA ajuda a rastrear as origens e as diferenças entre diferentes grupos judaicos. Também nesta palestra, o Dr. Entine explora o mito sobre os chamados "judeus khazares" e o facto de que a pesquisa científica confirma as assertivas do Judaísmo Rabínico: a maioria dos judeus de hoje são descendentes dos judeus originais.